Na China, Lula participa de assinatura de acordos com empresas chinesas na área de Saúde

Três eixos de acordos foram assinados por representantes do governo brasileiro e empresas chinesas

Presidente Lula e ministros Alexandre Padilha (Saúde) e Rui Costa (Casa Civil), durante assinatura de atos em Pequim (Ch
12 de Maio de 2025 - 18h08

Nesta segunda-feira, 12 de maio, dando prosseguimento à sua agenda oficial em Pequim, o presidente Lula encontrou-se com representantes de empresas do setor de saúde. Da atividade resultaram acordos bilaterais voltados à criação de um centro de excelência em pesquisa e desenvolvimento de vacinas no Brasil, além da proposta de uma parceria estratégica para construir no Brasil uma plataforma industrial robusta de Insumos Farmacêuticos Ativos (IFAs) e memorandos de entendimento na área de equipamentos de imagem (VMI).

“Esses acordos significam mais vacinas, mais medicamentos, mais equipamentos de exames de imagem para o povo brasileiro, mais renda e tecnologia”, argumentou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que compõe a comitiva brasileira que está em território chinês. “Além disso, estamos acelerando outras iniciativas que já haviam sido construídas no Brasil, que já tínhamos dado passos decisivos e estamos aproveitando essa visita para acelerar sua implantação”, detalhou.

VACINAS — O primeiro acordo aborda um memorando de entendimento na área de vacinas com as empresas Eurofarma e Sinovac Biotech. As duas empresas propõem criar o iBRID — Instituto Brasil-China para Inovação em Biotecnologia e Doenças Infecciosas e Degenerativas: um centro de excelência em pesquisa e desenvolvimento no Brasil. O instituto visa acelerar soluções terapêuticas complexas para doenças infecciosas, câncer, condições imunológicas e degenerativas, focando em vacinas de última geração, anticorpos monoclonais, imunoterapias e terapias celulares e genéticas avançadas.

A iniciativa combina a expertise industrial da Eurofarma na América Latina com a liderança tecnológica global da Sinovac, buscando parcerias estratégicas para promover inovação aberta e alinhamento com políticas nacionais de ciência, tecnologia e saúde, além de representar um reforço ao Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS), em alinhamento com as políticas do Governo Federal (Plano Brasil Saudável, Nova Indústria Brasil e a Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia & Inovação).

“É uma parceria para desenvolvimento de vacinas entre a empresa nacional brasileira e a empresa chinesa extremamente ampla, nesse sentido ela é inovadora, porque constitui uma verdadeira plataforma binacional de produção de vacinas, então não é uma vacina específica, dando uma possibilidade muito ampla de desenvolvimento, não só tecnológico mas de escala de produção para essa empresa nacional brasileira, podendo contribuir muito para o Ministério da Saúde. Inclusive é uma plataforma de exportação a partir do Brasil para a região das Américas, continente africano, que são mercados muito importantes para os produtos brasileiros”, explicou Alexandre Padilha.

INSUMOS FARMACÊUTICOS — Além disso, foi assinado o memorando de entendimento na área de insumos com a Aurisco e a Nortec Química S.A., maior produtora de Insumos Farmacêuticos Ativos (IFAs) da América Latina, o qual propõe parceria estratégica para construir uma plataforma industrial robusta de IFAs no Brasil, visando fortalecer o CEIS, reduzir a dependência externa e ampliar a capacidade nacional de produção de IFAs em áreas críticas.

A parceria envolve acordos com empresas chinesas para transferência de tecnologia e cooperação regulatória, com estrutura societária que assegure ao menos 51% de controle nacional. O projeto prevê novas unidades produtivas no Rio de Janeiro, com capacidade de produção de até 500 toneladas por ano de IFAs sintéticos e uma unidade focada em Biotecnologia, com investimento estimado de R$ 350 milhões. O projeto visa reduzir a dependência de importação, garantir autonomia do SUS, e inserir o Brasil nas cadeias globais de valor, com produção industrial prevista entre 3 e 5 anos.

“A produção dos chamados insumos farmacêuticos ativos, que é o núcleo tecnológico mais raro da presença dele no Brasil, é o grande desafio tecnológico no nosso país — que é fazer com que o Brasil cada vez mais se aproprie da tecnologia desses insumos farmacológicos. Isso permitirá pegar a principal empresa brasileira, que é a maior produtora de insumos farmacológicos ativos (não só do Brasil, mas da América Latina como um todo), com a parceira chinesa, aumentando a capacidade do Brasil de produzir esse item tão importante, ou seja, tem um avanço tecnológico significativo para o país”, definiu Padilha.

EQUIPAMENTOS DE IMAGEM — Concluindo a cerimônia, foram assinados memorandos de entendimento na área de equipamentos de imagem (VMI), com diversas empresas, para fabricação de detectores de imagens médicas tipo “flat panel” no Brasil. O objetivo é atualizar o parque de equipamentos de raios-X. Atualmente, a área utiliza tecnologia antiga, com filmes radiográficos de alto custo e baixa qualidade.

A produção nacional desses detectores permitirá exames mais baratos e de melhor qualidade. Eles são usados em radiografia digital e fluoroscopia para capturar imagens de alta resolução rapidamente, convertendo raios X em sinais digitais para diagnósticos mais precisos e menor exposição à radiação. A parceria é com a empresa chinesa Careray.

A fabricação de equipamentos de ultrassom no Brasil tem como objetivo atender à demanda nacional e da América Latina, proporcionando diagnósticos precisos e não invasivos em áreas como ginecologia, cardiologia, obstetrícia e vascular. A produção nacional reduzirá custos e expandirá o acesso a esses equipamentos em cidades de médio e pequeno porte, beneficiando a rede de saúde pública e privada. O ultrassom é essencial para procedimentos guiados por imagem, como biópsias, drenagens e punções. A parceria é com o Shantou Institute of Ultrasonic Instruments (SIUI).

Foto: Ricardo Stuckert / PR